terça-feira, 18 de maio de 2010

Aprendendo com Las Vegas???



A cultura brasileira de arquitetura parece que esta aprendendo com Las Vegas, EUA. O problema é que foi com o pior lado da arquitetura kitsch de Las Vegas. Todos aquelas reproduções de monumentos, e de lugares icônicos do mundo, servem muitas vezes de padrão de beleza e estilo a ser seguido para a classe média brasileira. Essa mesma classe média só conhece Oscar Niemayer, mas não ouviu falar da importância de nomes como Eduardo Reidy, ou dos irmãos Roberto, e de Lina Bo Bardi, entre outros que fizeram a arquitetura moderna brasileira ser reconhecida mundialmente, como uma arquitetura de vanguarda no início do século passado e que influenciou várias gerações de arquitetos e ainda o faz até hoje.

Uma pergunta que pode ser feita é como e porque isso aconteceu? Uma das respostas pode ser este sentimento de colônia que ainda temos de valorizar mais os as coisas de fora. Somado a isto temos estes estilismos arquitetônicos do passado sendo freqüentemente associados a luxo e bom gosto por revistas de moda, filmes hollywoodianos, novelas e outros instrumentos de mídia, que por outro lado não tem tido interesse em divulgar e retratar as importantes conquistas da arquitetura brasileira. As empresas da construção civil optaram por vender imóveis que refletem essas aspirações da classe média e “baixa burguesia” de morar em casas iguais as dos filmes americanos, ou ainda de construir prédios no estilo neoclássicos para demonstrar tradição e imponência como nos tempos dos reis. Em lãs Vegas essas construções já são bastante discutíveis do ponto de vista arquitetônico, mas em nome da diversão na sin city estes absurdos podem até ser aceitos. O mesmo não pode ser dito das nossas cidades, onde estão construídos esses edifícios.

Pensando em todo o esforço de criação de uma cultura genuinamente brasileira da primeira metade do século passado, que teve no movimento de 22 sua fundação, e como este movimento foi sufocado pelo regime militar somados a falência econômica das ultimas duas décadas do século passado, podemos ter ai mais um fator para essa situação. Poucas expressões artísticas sobreviveram ou se desenvolveram durante estes períodos, e com a arquitetura ocorreu o mesmo. Neste caso a degradação da cultura de arquitetônica foi ainda pior, pois um país, empobrecido pouco pode investir, e arquitetura e urbanismo estão ligados diretamente a investimentos e crescimento econômico.

O momento é outro. O Brasil passa por um novo ciclo de crescimento não visto pelas gerações mais novas. Temos a oportunidade novamente de crescer. Este crescimento não deve ser somente financeiros- econômico, mas cultural também. Temos em dois eventos de repercussão mundial (copa 2014 e Olimpiada do Rio de janeiro) a chance de mostrarmos a nossa cultura para o mundo, e a arquitetura pode ser um ótimo veiculo para isso. Assim como fez Las Vegas para atrair mais turistas e atenção para si. Esta sim deveria ser a grande lição que devemos tirar: como a arquitetura pode ser parte fundamental no desenvolvimento socioeconômico de um lugar.

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